5.1.09

Mergulho ao fim da tarde


Foi como mergulhar. Fácil, instintivo. Eras a água: doce, transparente e envolvias-me com toda a imensidão gélida do teu corpo. No início, o choque foi aterrador. Fez-me tremer. Queria fugir. Mas depois de me habituar, era lá fora que o espaço parecia frio e inóspito. Estava-se tão bem a flutuar nas tuas palavras que desejei poder entornar um pouco de ti numa garrafinha para te levar sempre comigo e beber de ti quando bem me apetecesse. Mas não te queria deformar, não. Então fui-me embrulhar numa toalha. À noite, nos lençóis. Nos meus cabelos, nos meus braços, embrulhei-me no ar mas, oh, estava sozinha outra vez. Estou sempre sozinha. Contigo também estava sozinha. Mas era bom, afogavas este meu medo. Agora que me fui do teu abraço, ele renasceu. Mais forte que nunca.

2 comentários:

Maria disse...

Às vezes, apenas não vês misturada nos teus papeis. Nem mim, nem a ela.
Estou contigo. []

Marta Rosa disse...

Gostei, realmente.