30.11.09


"Pára tempo, pára (97). Pára tempo, pára (98). Pára tempo, pára (99)." murmuro eu na noite escura, embrulhada em mim mesma e na minha podridão de vida. Mais uma lágrima. A outra entretanto secou. "Pára. Pára.(100)" Agarro os joelhos firmemente contra o peito e seco os olhos na flanela do pijama. "Por favor".

E o tempo parou.

Certifico-me de que tudo está quieto. Está mesmo tudo quieto. Todo e qualquer movimento cessou, todas as expressões se congelaram, como numa fotografia a dimensões reais. Então, descalça pelas ruas imóveis, passeio o meu corpo doente. Não em vão, não. Não vagueio sem destino. Sei exactamente onde me levam os meus passos.
É ver-te assim imóvel que me cura. Exploro cada traço do teu rosto com a ponta dos dedos, primeiro, e depois com os lábios. Num ímpeto de algo que não sei se é raiva se é paixão, arranco-te as roupas do corpo hirto. Choro (eu choro muito). Sinto repulsa de mim própria. Volto a vestir-te, componho o teu cabelo entretanto desalinhado e beijo-te a testa, agora sem paixão, agora sem desejo. "Adeus, meu amor".

Recuo e o tempo avança.

Estou onde sempre estive"Pára tempo, pára (101). Pára tempo, pára (102)." Podia ficar nisto a noite toda. Mas o tempo não pára. Nem eu. Nem tu.

9.11.09

"I'm not taking my pills today"